quinta-feira, 3 de abril de 2008

Empresas investem R$ 1,15 bi no social



O investimento social realizado pelas maiores empresas brasileiras chegou a R$ 1,15 bilhão em 2007, mostram os dados preliminares do Censo 2007-2008 divulgados ontem pelo GIFE. O levantamento, um dos mais importantes do chamado terceiro setor, refere-se aos investimentos em projetos sociais e ambientais realizados diretamente pelas empresas ou por meio de suas fundações e institutos, num universo de 101 associados ao GIFE.

Os números parecem não acompanhar a verdadeira explosão do chamado "marketing social" dos últimos anos, especialmente em 2007. No censo anterior, referente a 2005, o volume de investimentos sociais das empresas foi de R$ 1 bilhão para um universo de 89 participantes. "Realmente não houve uma alteração significativa no volume do investimento social privado, cujo aumento parece refletir mais um crescimento orgânico dos próprios associados", comentou o secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti.

O que pode explicar esse aparente contraste, segundo ele, é a tendência de as empresas focarem cada vez mais os seus investimentos sociais em ações internas, por exemplo, em relação aos próprios funcionários ou à comunidade em torno das instalações, em boa parte dos casos associadas à gestão da marca. Em resumo, ações de caráter ético voltadas ao próprio negócio, que se encaixam no conceito de responsabilidade social empresarial, e não de investimento social privado.

"Me parece que boa parte dos recursos que antes eram destinados para o interesse público, dentro do conceito de investimento social privado, hoje estão concentrados nos investimentos ligados à responsabilidade empresarial. Como ambos estão sob o guarda-chuva de um conceito maior, que é o da sustentabilidade, pode dar a impressão de que as empresas não estão investindo mais do que antes", explicou Rossetti.

Os dados do Censo GIFE 2007-2008 apontam ainda uma concentração expressiva dos investimentos sociais das empresas em projetos de educação e formação profissional, sobretudo na faixa jovem da população. Os projetos de educação, no topo da lista, recebem investimentos de 83% dos associados consultados na pesquisa. O item "Formação para o trabalho" aparece em segundo lugar, com investimentos de 59% dos participantes.

"Há um grande foco hoje na educação, para o trabalho e para a geração de renda, o que mostra uma convergência do investimento social privado com as grandes políticas nacionais do governo", avaliou o secretário-geral do GIFE, lembrando que nos primeiros anos da gestão FHC, que segundo ele teve um enfoque maior na educação fundamental, esse investimento social também estava concentrado nas crianças.

O investimento das empresas em cultura e arte também foi destaque no ano passado, assim como em anos anteriores, com 55% das empresas atuando de alguma forma no segmento. Só que por outro motivo: os incentivos originados pela Lei Rouanet e pela Lei do Audiovisual, que prevêem benefícios fiscais para os recursos destinados pelas empresas para projetos do setor. "A Lei Rouanet é de longe a mais utilizada pelas empresas, pois é o instrumento que sabem melhor utilizar."