quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Passos

As negociações climáticas que se desenrolam ou se enrolam em Copenhague parecem repetir exatamente os mesmos passos das negociações de comércio exterior entre países. As semelhanças entre ambos os processos, guardadas as devidas proporções, chega a impressionar.

A julgar pelo ritmo de avanço na COP-15, ganha força a tese de que será mesmo o mercado a grande mola propulsora para as mudanças relacionadas ao clima nos próximos anos, especialmente no setor corporativo. Assim como no comércio exterior.

Enfraquecida a possibilidade de um grande acordo global, governos passam a centrar esforços em acordos bilterais e regionais, segundo interesses e pressões específicas. Assim como no comércio exterior.

A participação dos governos se dá mais ativamente em diferentes graus e linhas de regulação, criando uma colcha de retalhos jurídica que, geralmente, mais atrapalha do que ajuda. Assim como no comércio exterior.

O sonho de um grande acordo global não morre, mas se afasta dos centros de decisão dos governos e vira assunto para diplomatas. Assim como no comércio exterior.

Ao menos Copenhague é bem mais charmosa do que Doha.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Sofisma

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou hoje uma Sondagem Especial sobre Mudanças Climáticas, mostrando que "mais da metade das empresas industriais brasileiras adotaram, nos últimos dois anos, medidas que contribuíram para o controle das emissões de gases do efeito estufa."


O número me chamou a atenção. E parece pouco condizente com a realidade. Por exemplo: numa conversa recente com o pessoal do Centro de Sustentabilidade da FGV-SP, eles me contaram que o número de empresas brasileiras que hoje conhece suas próprias emissões de gases - ou seja, que tem inventários - não chega a duas centenas. Praticamente todas de grande porte.

Ao conferir a Sondagem, notei o detalhe que pode explicar esse constraste: "A medida mais realizada ou pretendida pelas indústrias é o uso eficiente da energia, assinalada por 75% das empresas."

Bom, usar a energia de maneira eficiente é um ótimo meio para a redução das emissões. Agora, cá entre nós, alguém acredita que tantas empresas fizeram isso pensando pensando nas suas próprias emissões? Para mim, trata-se de um sofisma, uma meia-verdade.


Prova de que é preciso ter muito cuidado com números e pesquisas relacionadas ao tema, que só tendem a crescer. Afinal, como já se disse antes, o papel aceita tudo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Grande Nó

As últimas chuvas em São Paulo mostraram: chegamos ao "Grande Nó".

Alguém se lembra do tempo em que andar com os amigos de carro, simplesmente isso, era um programaço? Ou de quando era possível agendar horários em diferentes lugares da cidade?

Que tal andar um pouco de bike?

Pode ser um trechinho pequeno: da sua casa até a padaria da esquina. Ninguém precisa virar bike runner de uma hora pra outra. Além de saudável, o efeito de mais ciclistas nas ruas, mesmo que em trajetos mínimos, seria formidável!

Dia desses ouvi uma sugestão ótima para a Prefeitura: façam pistas de bike nos canteiros centrais das Av. Paulista, Faria Lima, Brasil, Pacaembú, a exemplo daquele ótimo trechinho da Sumaré. Com respeito aos pedestres, todo mundo ficaria numa boa.

Outra coisa legal: cada vez mais bicicletários na cidade. Notem como isso vem crescendo, inclusive com investimento social do setor privado (essa coisa de bike sempre pega bem).

Andar de bike e viajar com ela no metrô, no fim de semana, também é sensacional! Chegar no centrão, aquele lugar lindo... (tem gente preparando um roteiro para esse público, tomara que fique bom).

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Casas de Açúcar ou Pão Bahia

Será no mínimo interessante, do ponto de vista da sustentabilidade, acompanhar a futura integração entre Pão de Açúcar e Casas Bahia, cuja mega fusão foi anunciada nesta manhã.

O grupo comandado pela família Diniz tem uma política de sustentabilidade sólida, adotada há anos, e em boa medida integrada às estratégias de negócios. Já as Casas Bahia, nesse quesito, ainda engatinham.


É um dilema inevitável em todo grande negócio de fusão ou aquisição, sobretudo quando as empresas possuem culturas de sustentabilidade completamente diferentes.

Um bom exemplo desse desafio, hoje, é o do Grupo Santander Brasil, que corre atrás do tempo para alcançar a credibilidade do Banco Real no quesito sustentabilidade.

Não porque se preocupem com o futuro do planeta, mas por perceberem que se trata de um bem intangível cada vez mais valioso.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Educação exige presença do setor privado

"Garantir o acesso a uma educação básica de qualidade, um dos desafios do milênio estabelecidos pela ONU (Organização das Nações Unidas) para 2015, exigirá mais do que recursos e esforços do setor público. Exigirá, também, uma participação ativa do setor privado, seja na exploração do segmento, seja no financiamento de atividades educativas e no engajamento com os governos. Essa é a síntese de debates realizados na última semana em Doha (Qatar) durante o World Innovation Summit for Education (Wise), encontro que reuniu especialistas em educação de mais de 120 países.

"O direito à educação não é garantido hoje para milhões de pessoas no mundo e dificilmente conseguiremos cumprir essa meta nesses próximos seis anos. Isso ocorre porque a educação do século 21 exige investimentos cada vez mais complexos, que muitas vezes os Estados não dão conta de suprir", disse a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, lembrando que a crise global afetou de maneira significativa o financiamento público à educação em diversos países. (...)

Veja a íntegra da coluna publicada originalmente na Folha em:
www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u656960.shtml

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Governo quer estimular a fabricação de carros menos poluentes


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nessa semana a criação de um grupo de trabalho no governo com o objetivo de incentivar fabricantes de automóveis a trazer para o Brasil projetos que se preocupem com o meio ambiente. O grupo será composto pelos ministérios da Fazenda, Desenvolvimento, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia.


A idéia do governo é incentivar o uso de energias renováveis e aperfeiçoar os motores flex (movidos a álcool e gasolina), reduzindo suas emissões e estimulando a produção de carros mais modernos, como os movidos a energia elétrica ou híbridos.


O ministro anunciou ainda medidas de incentivo fiscal para automóveis com motores flex e os movidos exclusivamente a álcool, que ganharão mais quatro meses de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), também com o objetivo de estimular a produção de veículos menos poluentes.


Segundo Mantega, o grupo de trabalho vai produzir o primeiro relatório de resultados no final de março de 2010, quando os novos incentivos fiscais aos carros flex terminarão.


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Terra de Contrastes

De um lado um PIB crescendo a 13% ao ano (com crise e tudo), índices de educação entre os mais elevados do planeta e uma tranquilidade nas ruas de dar inveja a padrões escandinavos. De outro, trabalhadores estrangeiros vivendo em condições deploráveis, falta de liberdade de expressão e acesso praticamente nulo à cultura, num regime que se assemelha a um curioso e complexo “apartheid econômico”.

Essas são algumas das impressões deixadas no Qatar, país em forma de verruga que nasce na Arábia Saudita e se estende sobre o Golfo Pérsico. Sua capital, Doha, é mais conhecida do que o próprio país, pelas negociações internacionais de comércio exterior que tiveram a cidade como palco. Foi ali que aconteceu o World Innovation Summit for Education, ou simplesmente “Wise”, um termo em inglês incrivelmente parecido nas mais diferentes línguas presentes no evento.

Doha é uma cidade em obras. Assim como a vizinha Dubai (o emirado mais famoso dos Emirados Árabes), invade pedaços gigantescos de mar com obras faraônicas, concentra parte relevante dos grandes guindastes da construção civil no mundo e tem luxo, de sobra, em tudo quanto é lado.

Só não tem, a exemplo de Dubai, vida ou identidade própria. É como passear em uma cidade cenográfica, onde praticamente tudo é lindo, mas falta alguma coisa. Uma história, umas pessoas. Realmente, algo difícil num lugar em que todas as construções parecem ter menos de cinco anos.

Particularmente, achei chocante o contraste entre tamanha opulência e a realidade de grande parte dos trabalhadores. São milhões de paquistaneses, filipinos, indianos e demais povos da região, cujas vidas se restringem a um único ponto: trabalhar, trabalhar e trabalhar.

O mesmo parece ocorrer com a educação. De um lado, acordos com as mais renomadas universidades americanas e européias, em prédios dignos de contos árabes. Restrita, no entanto, a poucos. De outro, pessoas simplesmente excluídas, nada mais que isso.

Num jantar de gala oferecido pela esposa do emir aos participantes do Wise, com direito a Carla Bruni como convidada propaganda e tudo, vi uma das cenas mais impressionantes de minha vida: um verdadeiro exército, de cerca de 200 a 300 pessoas, todas com a mesma altura, com feições extraordinariamente semelhantes, saiu de dentro das cozinhas para servir os convidados. “Sei lá, me deu uma coisa ruim de ver isso”, resumiu a simpática americana que se sentava à nossa mesa na ocasião. Todos sentiram o mesmo.

Uma repórter brasileira (a ótima Camila Nobrega, do Globo) conseguiu se aproximar de um deles, que entre espantado e curioso contou a ela um pouco da sua vida. Albert, esse era o nome no seu crachá, vivia numa vila de trabalhadores da empresa que o contratou em seu país. Como um quartel improvisado, não se pode entrar ou sair de lá após as 23 horas. Mulheres e homens ficam separados.

Contou ainda que os trabalhadores, uma vez demitidos, são obrigados a voltar ao seu país de origem. Trazer a família do exterior, nem pensar, mesmo com um emprego razoável – o que explica, raciocinei, os índices de desemprego de primeiro mundo que o país ostenta.

Outras pessoas, semelhantes a Albert, relataram a mesma estória. Não com raiva ou arrependimento, apenas com a dignidade fria de quem não enxerga melhor opção.


terça-feira, 3 de novembro de 2009

Entrevista - Lester Brown

Uma das vozes mais influentes do planeta quando o assunto é sustentabilidade, Lester Brown esteve recentemente no Brasil para lançar a versão tupiniquim de seu livro "Plano B - 4.0". Em resumo, um verdadeiro manual sobre como sair da enrascada ambiental e alimentar em que a sociedade se meteu.

Em uma bateria de entrevistas para a imprensa local, invariavelmente de paletó sem gravata e vistosos tênis brancos, conversou com a repórter Marina Matos, que estréia em grande estilo sua participação neste blog. Confira:

Marina - As últimas semanas reforçaram o ceticismo sobre um acordo climático global na reunião de Copenhague, em dezembro. Qual será o efeito disso?
Lester Brown - Algumas das coisas mais importantes acontecendo no mundo hoje, sobre o clima, não tem nada a ver com Copenhague ou com governos. Por exemplo: a expansão das usinas eólicas no Texas, estado não exatamente conhecido por seu perfil ambiental. Ou a compra de energia solar do norte da África por empresas européias. O interessante dessas ações é que todas elas são extremamente importantes do ponto de vista climático. E não têm nenhuma participação direta de governos.

Ou seja, é possível avançar mesmo sem grandes acordos...
Por definição, a negociações internacionais sobre acordos climáticos não têm resultados muito audaciosos. Nenhuma delegação quer fazer mais do que as outras, e todas querem mostrar o máximo fazendo o mínimo. Eu tenho a sensação de que muitas das coisas que tem de ser feitas serão conduzidas por forças independentes dos governos. Acredito mais no que já está sendo feito pelos países e por acordos bilaterais do que em um grande acordo global.

O mercado é uma força “sustentável” nesse sentido?

O problema do mercado é sua falta de honestidade. Ele não diz a “verdade ecológica”. Não diz que, quando nós queimamos um barril de gasolina, pagamos pelos custos de produção, refino e distribuição, mas não os custos dos impactos climáticos dessa produção, como o da emissão de CO2. Esses são custos que num futuro próximo podem ser maiores do que o da própria produção de gasolina. Isso tudo leva o mercado a pensar que combustíveis fósseis são baratos quando comparados a outras fontes de energia renováveis, o que não é verdade.

O que pode ser feito?
As mudanças climáticas são resultado de um grande fracasso de mercado. Portanto, o que deve ser feito é reduzir os impostos sobre o trabalho e a renda e aumentar a taxação sobre esses custos ambientais, como as emissões de carbono. Aqui sim, os governos podem fazer a diferença. Enquanto isso, o setor privado aumenta sua pressão, sobretudo com as grandes empresas. Veja o caso do Wal-Mart: as grandes redes varejistas têm um poder de influência enorme sobre os fornecedores, maior até que o dos consumidores. Isso está se tornando finalmente um modelo estabelecido.

Há um gatilho climático ou econômico que obrigará o mundo a adotar o “Plano B” de que trata o livro?
Esperamos gatilhos de ordem climática que podem provocar profundas transformações econômicas e sociais, algo semelhante ao que o ataque à Pearl Harbor representou para a economia americana há décadas atrás. Mas ainda não sabemos ao certo. Se perguntarmos para os cientistas, a maioria deles provavelmente falaria do derretimento das calotas polares, um fenômeno que, se ocorresse em sua totalidade, faria com que os oceanos se elevassem em cinco metros, com profundos impactos nas regiões litorâneas. Se um pedaço grande dessas calotas derretesse, já seria o suficiente para que ocorresse uma elevação assustadora do nível dos oceanos.

Uma provocação: as novas tecnologias em desenvolvimento, por exemplo as de sequestro de carbono na atmosfera, não podem alterar completamente a urgência que é citada em seu livro?
Eu não tenho muita confiança em tecnologias de sequestro de carbono. As indústrias vêm falando disso há anos e quase nada está acontecendo de fato. A grande questão aqui é que é bastante improvável que algo comercialmente viável seja feito antes 2020, assim como em outras tecnologias semelhantes. Ou seja: até lá, nosso tempo pode ter se acabado.

Notícia importante

Parece um avanço para uma questão das mais complicadas a serem debatidas na COP-15. A notícia está estampada com destaque no site do Ministério do Meio Ambiente:

"Ministros de Meio Ambiente e representantes de 24 países fecharam um acordo, neste sábado (31/10), em Barcelona, para a criação de um fundo internacional de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas, em que os países desenvolvidos vão ajudar os em desenvolvimentos nas ações para mitigação do aquecimento global. Participaram do encontro representantes dos principais países que estarão na Convenção do Clima (COP-15), em dezembro, em Copenhague, na Dinamarca.

O fundo será financiado pelos países desenvolvidos, levando em conta o princípio do protocolo de Kyoto de responsabilidades diferenciadas para nações ricas e pobres. Então, ficou acertado que os países desenvolvidos vão dar dinheiro ao fundo de adaptação, e os em desenvolvimento ficam com o compromisso de investir diretamente em ações de combate às alterações do clima no próprio território. " (...)
 
Link: http://www.mma.gov.br/

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Acordos bilaterais sobre o clima avançam

"Sai de cena a celebração de um grande acordo climático em escala mundial; ganham espaço acordos bilaterais entre países, legislações nacionais e a autorregulação do mercado como forças motrizes para a redução das emissões de gases do efeito estufa no planeta.

Essa é a síntese das expectativas majoritárias em relação à reunião de Copenhague (COP-15), em dezembro, na qual os países levarão suas propostas de corte das emissões de gases do efeito estufa em busca de um acordo multilateral para a redução do aquecimento global. Nos últimos dias, após breve intervalo de ânimo gerado por iniciativas como a do Japão, que anunciou metas de redução ambiciosas, ou das manifestações do setor privado cobrando ousadia nas propostas dos governos, as expectativas de sucesso para a reunião de Copenhague voltaram a azedar.

A falta de sinais claros sobre a legislação norte-americana que estabelece tetos para as emissões, cuja tramitação enfrenta forte resistência no Senado, reforçam esse quadro de ceticismo. Assim como declarações de lideranças que participaram das reuniões preparatórias para a COP-15, como a do presidente da Comissão do Clima da ONU, Ivo de Boer, que criticou abertamente a falta de progressos na reunião de Bancoc, realizada no começo do mês.

"Está ficando claro que não vamos chegar a um acordo climático amplo em Copenhague. Nenhuma delegação quer fazer mais do que as outras. E todas procuram mostrar o máximo com o mínimo", resumiu à Folha o economista americano Lester Brown, considerado uma das vozes mais influentes no tema da sustentabilidade." (...)

Confira a íntegra da coluna publicada na Folha em: http://www.abrace.org.br/port/noticias/ler.asp?id=12882

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mercado financeiro ignora onda sustentável

"Há poucas semanas, um manifesto cobrando metas ambiciosas na redução de emissões de gases para a reunião de Copenhague (COP-15), em dezembro, causou surpresa. Não por seu conteúdo, semelhante ao de várias manifestações divulgadas naquele momento, mas pelo ineditismo dos signatários: 181 investidores institucionais de peso no mercado financeiro, que juntos administram mais de US$ 13 trilhões em recursos.

A surpresa veio do fato de os investidores serem um grupo geralmente discreto nesse debate. A velocidade com que a sustentabilidade (na qual a questão climática ocupa hoje papel central) vem sendo incorporada nas estratégias de negócios das empresas, inclusive nos bancos, contrasta com a percepção média sobre o tema no mercado financeiro.

"É um paradoxo. Ao mesmo tempo em que o mercado financeiro praticamente ignora essas questões, o setor produtivo e as cadeias varejistas passam a tê-las como exigências cada vez mais presentes", afirma o professor Ricardo Abramovay, da FEA-USP."Veja o caso da carne rastreada na Amazônia. A decisão das grandes redes varejistas de suspender a compra dos produtos e de instituições como o IFC [International Finance Corporation] de cancelar os financiamentos quase gerou a falência de algumas das empresas envolvidas", afirma. (...)"

Veja a íntegra da última coluna publicada na Folha em: http://www.portaldoeconomista.org.br/noticias/mercado-financeiro-ignora-onda-sustentavel.html

Confira a íntegra do documento citado no começo da matéria em: http://www.ceres.org/Document.Doc?id=495

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Empresas cobram posição do governo sobre meta climática

As últimas semanas foram fartas de manifestações do setor privado sobre a 15ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP-15), em dezembro, na Dinamarca, o encontro de lideranças que poderá decidir a velocidade com que o mundo entrará na chamada "economia de baixo carbono" a partir de 2012.

No Brasil, a fila começou a ser puxada no final do mês passado, quando um grupo de 22 empresas encabeçadas pela Vale (entre elas Aracruz, Votorantim, OAS, Grupo Orsa e Pão de Açúcar) lançou a "Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas", manifesto no qual assume compromissos de redução de emissões e cobra do governo um papel de liderança nessa discussão.

Ao documento, concebido em parceria com o Fórum Amazônia Sustentável e o Instituto Ethos, seguiram-se uma série de outros, de conteúdo semelhante, como o do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), assinado por empresas como Bradesco, Gerdau, Nestlé, Philips e Petrobras, entre outras. Ou o da Aliança Brasileira pelo Clima, que teve como signatários 14 entidades representativas do agronegócio e da bioenergia.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) também divulgam nos próximos dias um documento conjunto com a posição oficial da indústria sobre as questões que serão debatidas na COP-15. Tantas manifestações e pedidos de assinatura chegaram a confundir os próprios empresários, que a partir de determinado momento não sabiam mais qual documento estava "valendo" ou qual era o "quente", segundo relatou um deles.(...)

Leia íntegra da coluna publicada na Folha em:
http://www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?cod=584668

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Energia Espacial

A tecnologia é uma coisa engraçada.

Veja, por exemplo, a corrida das fontes renováveis de energia: o etanol da cana-de-açucar prometia ser o novo petróleo "verde" do planeta, mas aí começaram a aparecer pesquisas com o etanol celulósico, muito mais eficiente e mais "verde" também.

Com dinheiro para pesquisas, surge uma série de outras opções, algumas inclusive bastante exóticas e revolucionárias. Como, por exemplo, simplesmente captar a energia solar gerada no Espaço.

Parece loucura? Pois então acesse esse site: http://www.spaceenergy.com/

domingo, 20 de setembro de 2009

Um tema bem complicado

"Mesmo chegando à maioridade, a Lei de Cotas para contratação de pessoas portadoras de deficiência nas empresas ainda está longe de gerar consenso. Sindicatos e organizações afirmam que a lei tem de sair do papel, entidades empresariais defendem uma ampla reformulação em seu conteúdo e, enquanto isso, uma parcela relevante dos deficientes no país continua sem trabalho.

A Lei de Cotas (artigo 93 da lei 8.213, de julho de 1991) diz que empresas com mais de cem funcionários têm que contratar um percentual mínimo de deficientes, de 2% a 5% de seus quadros, de acordo com seu porte. Apesar de sujeitas a multa, são raras as empresas que cumprem essa determinação.

Segundo levantamento do Espaço da Cidadania, a partir de dados do Ministério do Trabalho e Emprego, a média de cumprimento da lei no país em 2008 foi de apenas 15,4%. Em São Paulo, Estado com o maior índice de cumprimento, esse número chega a 39,7%. Em Santa Catarina, na Paraíba e em Roraima, fica abaixo de 3,5%.

Embora a lei seja considerada um avanço no processo de inclusão dos deficientes na sociedade, os números mostram que seu objetivo ainda está longe de ser alcançado.Os motivos geram controvérsia. Há quem afirme que a falta de informação e o preconceito ainda são os grandes empecilhos para que as empresas contratem mais deficientes. E há quem alegue que faltam profissionais no mercado de trabalho, sobretudo os com alguma qualificação. (...)"

Leia a íntegra da matéria publicada na Folha no próprio jornal ou no clipping:
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2009/9/8/mercado-ainda-resiste-a-cota-para-deficientes )

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Pérola

Pergunta: "Bom dia, gostaria que o senhor me explicasse qual a é a pegada de carbono da empresa e o que ela tem feito para mitigar suas próprias emissões de gases?"

Resposta (com um certo desprezo): "Como mostrei antes, tratamos de praticamente 100% dos nossos resíduos industriais, e por sermos uma empresa de remédios, não temos emissões de gases ou de carbono, como as petrolíferas".

Aconteceu recentemente. E a pessoa discursava justamente sobre as práticas de sustentabilidade da empresa (de grande porte e exportadora) em um evento da área.

Toda empresa - assim como toda pessoa - tem uma pegada de carbono. Conhecê-la é o primeiro passo para reduzir as próprias emissões.

Infelizmente, pouca gente sabe disso.

domingo, 30 de agosto de 2009

Obrigado por fumar

Sempre me interessei em saber como a Souza Cruz, a maior fabricante de cigarros do país, pensa suas estratégias de responsabilidade socioambiental. Afinal, para uma empresa cujo produto principal está na mira de leis restritivas pipocando mundo afora - e justamente por questões ligadas à saúde humana - isso certamente deve ter algum grau adicional de dificuldade.

Pois eis que encontro, em um seminário recente da área socioambiental (a Souza Cruz, ao lado da Petrobras, está virando "arroz de festa" no patrocínio desses eventos), uma pessoa da empresa com conhecimento para me contar a respeito dessas estratégias. Por se tratar de conversa informal, prefiro não revelar seu nome.
Em resumo, o que ela me disse é: além da preocupação com uma maior transparência sobre o cigarro e seus riscos - e o apoio a diversos projetos sociais (não encontrei nenhum deles relacionado à entidades de combate ao câncer, algo que sempre achei bem sui generis) - a empresa investe em pesquisa e desenvolvimento para tornar o cigarro um produto... sustentável.


Fiquei surpreso. Sustentável? Mas como? "Fazendo um produto cada vez menos prejudicial para a saúde do consumidor. E quem sabe um dia encontremos um cigarro que não faça mal algum", respondeu ela, sem perder a simpatia. Confesso que aquilo me surpreendeu. De certa forma, ela tinha razão: já que existem pessoas que gostam de fumar, e olha que isso é hábito antigo na Humanidade, que fumem algo minimamente saudável, embora a expressão mais correta aqui seria algo como "minimamente prejudicial".
De qualquer forma, eis um assunto difícil de julgar.


A respeito do assunto, recomendo o link de responsabilidade social da Souza Cruz (onde se lê frases do tipo: "As dúvidas surgem principalmente dos setores da sociedade que, em virtude das restrições que fazem ao produto, acabam por colocar em xeque a própria capacidade da Souza Cruz de agir como uma empresa ética e socialmente responsável (...)").


E também o filme Obrigado por Fumar (Thank You for Smoking), de 2005, imperdível para quem gosta desse controverso assunto.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Os três mandamentos de Marina

A verdadeira confusão política gerada pelo convite para a senadora Marina Silva se candidatar à Presidência em 2010 pelo Partido Verde (deixando o PT) traz, entre tantos outros já destacados, três ensinamentos importantes:


1) A plataforma ambiental tem, sim, aderência junto a uma parcela importante do eleitorado. E tanto Serra quanto Dilma terão de correr atrás do tempo para se credenciar nesse quesito, no qual são vistos com total desconfiança pelos formadores de opinião.

2) A possibilidade de Marina abraçar uma estratégia de transformar o Brasil em potência ambiental extrapola bastante a simpatia de ambientalistas e acadêmicos. Tem muito empresário de peso por aí apoiando abertamente a idéia - que nunca avançou no governo Lula. Em breve, isso ficará mais explícito.

3) O rebuliço causado pela indicação da senadora e ex-ministra do Meio Ambiente começa a atrair a atenção de outros políticos interessados em abocanhar esse vazio político que até agora ninguém preencheu. Atenção especial deve ser dada aos movimentos de Aécio Neves em Minas Gerais nesse sentido.




segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Novas idéias, novos ideais

Fritjof Capra não faria melhor...


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Empresas planejam adaptação climática

"No momento em que grandes empresas começam a planejar ações de mitigação para conter o aquecimento global, sobretudo as relacionadas à emissão dos gases-estufa, especialistas começam a levantar uma bandeira que deve ter importância crescente para o mundo corporativo nos próximos anos: o ajuste da economia e da sociedade para os eventos climáticos que já não podem ser evitados. É o que os cientistas chamam de "adaptação".

Secas fora de época, tempestades com elevado poder de destruição e ondas de calor alterando as correntes atmosféricas são alguns desses eventos, quase sempre com impactos econômicos e sociais significativos nas regiões afetadas. Como fogem de padrões históricos, são praticamente impossíveis de prever com precisão. E se tornaram uma verdadeira dor de cabeça para setores como a agricultura, as indústrias de seguros e de energia.

"Há uma tendência entre os cientistas de que os esforços hoje deveriam ser mais canalizados para a questão da adaptação do que da mitigação. É como concentrar esforços para tirar um paciente da UTI e depois ver o que é possível fazer em seu tratamento", explicou à Folha o pesquisador titular sênior do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) Enio Bueno Pereira." (...)

Leia a íntegra da coluna publicada na Folha de S. Paulo em:

http://www.agsolve.com.br/noticia.php?cod=2354

terça-feira, 7 de julho de 2009

Calma!

Claro que é exagero, mas interessante até para pensar nisso....

terça-feira, 30 de junho de 2009

Cresce rigor para sustentabilidade na Bolsa

As empresas que participam do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da BM&FBovespa terão de responder, a partir deste ano, a questões específicas sobre sua política de gestão de riscos financeiros e sobre os mecanismos de remuneração de seus principais executivos, como o pagamento de bônus com ações. Essas são as principais mudanças propostas para a revisão anual do ISE, cuja etapa de consulta pública terminou na sexta-feira.

As mudanças guardam relação direta com a crise financeira global. No Brasil, diversas empresas registraram perdas significativas ao apostar na tendência de enfraquecimento do dólar diante do real no mercado de derivativos. Entre os casos mais célebres, estão os da Sadia, da Aracruz Celulose e do Grupo Votorantim, que amargaram perdas bilionárias quando o dólar, na esteira da crise, inverteu o sinal e passou a se valorizar diante do real.

A remuneração de bônus milionários a executivos de empresas que praticamente faliram em razão da crise, como a seguradora AIG, nos Estados Unidos, também foi alvo de intenso debate aqui e no exterior.

"Com os desdobramentos da crise, as questões relacionadas à política de riscos na área financeira e às regras de remuneração dos executivos assumiram maior relevância na análise sobre quão sustentáveis são as empresas", disse à Folha a coordenadora dos trabalhos de revisão do ISE, Roberta Simonetti, do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-SP.

(Confira a íntegra da coluna publicada hoje na Folha em: http://www.felsberg.com.br/info_clipping_conteudo.asp?i=38945&desc=if)

GRI: Empresas ainda não incorporam sustentabilidade

Os relatórios de sustentabilidade são um meio de informação cada vez mais demandado pela sociedade para conhecer a realidade das empresas, inclusive no que diz respeito aos seus problemas. E, assim como em outros países, muitas empresas brasileiras que publicam balanços ainda não incorporam as práticas relatadas às suas estratégias de negócios.

A opinião é do holandês Ernst Ligteringen, presidente mundial da Global Report Initiative (GRI), organização responsável pela elaboração das normas e diretrizes mais utilizadas no mundo para a publicação dos balanços sociais e relatórios de sustentabilidade das empresas. De passagem pelo Brasil, o executivo concedeu na semana passada a seguinte entrevista:

As empresas brasileiras estão divulgando corretamente suas ações de sustentabilidade?

Ernst Ligteringen - Na América Latina, o Brasil é o líder em publicações, com mais de 60 relatórios anuais. Em termos de qualidade, no entanto, o País ainda reflete o que vemos em outras partes do mundo: uma grande disparidade. Há empresas lideres, que estão integrando seu gerenciamento de sustentabilidade a prática dos negócios e se distinguindo estrategicamente por isso. Há um grande número de empresas que estão progredindo gradualmente, que estão no caminho de descobrir como utilizar seus relatórios de uma maneira mais estratégica. E há também aquelas empresas que fazem o relatório somente porque acham que será bom para sua reputação.

Como diferenciar esses grupos?

Ligteringen - Temos de olhar para as práticas de negócios, saber se o relatório está verdadeiramente integrado à estratégia da empresa. Pode se perceber, por exemplo em um banco, se eles apenas montaram uma equipe para fazer um relatório ou se realmente identificam a quem estão dando crédito, sob que condições, se eles realmente coletam dados sobre o impacto de sua política de empréstimos, etc. Um banco que age assim é muito diferente de um banco que não tem qualquer política e simplesmente junta palavras para publicar um relatório de sustentabilidade.

Em alguns países já é obrigatório publicar relatórios de sustentabilidade. Isso é importante ou o desenvolvimento deve ser espontâneo?

Ligteringen - Até agora o crescimento têm ocorrido majoritariamente numa base voluntária. A KPMG identificou que, em 22 países, aproximadamente três mil empresas relatam suas práticas. Mas existem pelo menos 72 mil multinacionais. Mas se olharmos por volume, das 250 maiores empresas do mundo, aproximadamente 80% produzem relatórios. De qualquer forma, é importante ampliar a base. E o que a lei deveria fazer é determinar um mínimo do que tem de ser relatado pelas empresas. Nossa expectativa é de que as empresas publiquem relatórios, e quem não quiser ou não puder fazê-lo explique o porquê. Isso foi introduzido na Dinamarca recentemente, e até certo ponto, aplicado no Reino Unido.

Como o cidadão tem aceso a toda essa informação?

Ligteringen - A maioria das empresas publicam seus relatórios nos sites. Mas o futuro mesmo são os sistemas de busca na internet, porque a maioria das pessoas não está morrendo de vontade de ler relatórios de sustentabilidade. Elas geralmente têm questões específicas: “eu ouvi dizer que esta empresa está envolvida com trabalho infantil...” ou “como posso saber se os produtores de etanol estão de fato parando de realizar queimadas antes das colheitas de cana?” Pesquisas indicam que há uma expectativa de que qualquer empresa responsável tenha esse tipo de informação disponível. De que esteja acessível quando um investidor, um empregado ou um cidadão tem uma dúvida. Isso dá confiabilidade à empresa, principalmente quando há informações sólidas e balanceadas, quando a empresa é honesta e relata não só os pontos fortes, mas também os aspectos em que precisa melhorar.

Como esse leitor reage ao ler os relatórios?

Ligteringen - Nossas pesquisas indicam que 82% das pessoas formam uma imagem mais positiva da empresa quando encontram esse tipo de informação. Muitas companhias tentam fazer o leitor acreditar que estão criando um tipo de paraíso na Terra, só fazendo o bem. Nenhum leitor acredita nisso. As pessoas hoje têm questões, geralmente estão cientes de quais são os pontos críticos, e buscam uma informação balanceada. É isso o que ajuda a empresa a ganhar a confiança das pessoas.

(André Palhano e Iuri Ribeiro)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Ar

Uma das melhores notícias que vi nesse ano. E parabéns ao Tralli, puta reportagem boa!

http://www.carros-tunados.com/blog/curioso/carro-movido-a-ar

Quem é quem

O Instituto Ethos lançará, a partir de 2011, um conjunto de índices para que a sociedade e o mercado tenham maior conhecimento sobre as práticas de responsabilidade social das empresas.

Os índices, que estão sendo debatidos, serão semelhantes a notas para cada área. Por exemplo: uma empresa X pode ter nota 8 no quesito ambiental. E 4 no quesito de direitos humanos.

"A idéia é criar um mecanismo para referenciar a sociedade sobre o grau de responsabilidade das empresas, permitindo comparações em três camadas: das empresas entre si, das empresas com os benchmarks em cada área e das empresas dentro de seu setor", explicou o presidente do Ethos, Ricardo Young, durante o Ciethos 2009.

Para o bom entendedor...

Frases da secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samira Crespo, durante a Conferência Internacional Ethos (Ciethos).

"No Ministério chamamos o (Carlos) Minc de 'Indiana Minc', tamanha a sua disposição para participar pessoalmente das ações de combate ao desmatamento e crimes ambientais. Ele vai junto mesmo"

"Nós não estamos dormindo no ponto. Fico entristecida com a opinião pública sobre a política ambiental brasileira. Temos muitos avanços que não estão sendo reconhecidos"

(sobre a MP 458) "Brasília não é a capital dos ambientalistas, é a capital dos lobbies que atuam no Congresso. É com esses gigantes que estamos lutando"

"O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que assessora o presidente da República, acabou de produzir um relatório de mais de 250 páginas sobre como sair da crise. A única menção que há no relatório sobre o meio-ambiente fala da bioenergia e do etanol. O presidente ouve a sociedade. E a sociedade também precisa mudar"

"No Brasil todo mundo é a favor do meio ambiente. Até que ele contrarie algum interesse"

O problema é nosso!

O controle do desmatamento na Amazônia tem muito mais a ver com as cadeias de distribuição locais e com o consumidor brasileiro do que com as barreiras impostas por autoridades de países desenvolvidos.

A opinião é do presidente do Conselho de Administração da Sadia-Perdigão, Luiz Antonio Furlan, que participou nesta manhã da Conferência Internacional Ethos (Ciethos), em São Paulo.

Os números apresentados por Furlan reforçam esse argumento: o mercado interno representa 64% do consumo da madeira produzida na Amazônia. Para a carne, principal causa do problema na região, esse número sobe para 95%.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Dia Mundial do Meio Ambiente

Bom, hoje é dia mundial do meio ambiente. Fiquei pensando o que escrever a respeito, talvez algumas dicas de preservação, de consumo responsável... Achei melhor apresentar uma tendência mais macro relacionada ao tema. Uma tendência que, a meu ver, é irreversível. E ela se chama:

"Economia de baixo carbono"

Prepare-se para ouvir cada vez mais esse assunto. Quando as pessoas falam "carbono", "emissão de carbono", etc , querem dizer "gases causadores do efeito estufa". Entre eles, o carbono é hoje o principal. Pois bem, esses gases são a causa do tal aquecimento global. Na atmosfera, o carbono permite que a luz do sol chegue a Terra, mas não deixa que o calor gerado por essa luz saia.

Resultado: mais calor e um efeito semelhante a uma estufa no planeta. Quanto mais carbono os humanos emitem na atmosfera (carros, indústrias, etc), mais calor. E mais riscos de grandes alterações climáticas, atingindo especialmente as faixas litorâneas, onde está concentrado o grosso da população mundial.

O que fazer? O óbvio: reduzir a emissão desse tal de carbono, ou melhor, dos gases do efeito estufa. Hoje há um tímido, mas crescente, movimento de governos e empresas nesse sentido. Afinal, eles olham para o futuro e percebem: - Meus Deus, se a raça humana acabar, não teremos mais eleitores! Nem para quem vender!

Com esse impulso, coisas bacanas vêm acontecendo. A definição de metas de emissão para a indústria automobilística nos Estados Unidos, por exemplo, é histórica. A busca de fontes renováveis de energia (água, celulose, etanol) para substituir fontes fósseis, como petróleo e carvão, que são responsáveis por grande parte das emissões no planeta, é outro.

E quem não tem como reduzir sua própria emissão? Claro que existem casos em que reduzir a emissão significa, por exemplo, cortar a produção, demitir funcionários. Ninguém quer isso. Criou-se então um mecanismo de créditos de carbono, que podem ser adquiridos como forma de compensar as emissões. É simples: alguém planta árvores que capturam o carbono na atmosfera, e pode vender esse "crédito" para que empresas e países cumpram suas metas de emissão ou de redução das emissões.

Quando você vê um selo "carbon free" ou "carbon neutral", isso quer dizer que aquele produto ou evento neutralizou suas emissões de gases com a compra ou com a geração própria de créditos de carbono. Na Europa, esse tipo de selo já é comum na rotulagem de produtos. Por aqui a coisa está começando, com direito a alguns exageros, como desfiles de escola de samba neutros em carbo.

Alguém pode perguntar: mas poxa, se isso (o aquecimento global) está acontecendo e representa risco para nossa sobrevivência como espécie, por que não estamos todos procurando - e cobrando - a redução imediata dessas emissões de gases?

Bom, esse talvez seja o maior obstáculo que temos pela frente: não vemos os efeitos disso no nosso dia a dia. Há quem diga que alguns eventos climáticos já são causados pelo aquecimento global, mas de certo mesmo só sabemos que há uma elevação das temperaturas médias do planeta e que isso vem afetando as calotas nos pólos, os glaciares e alguns pobres ursos polares.

Para piorar, há até quem duvide do aquecimento global causado pela emissão de gases dos seres humanos. E nem é por maldade. A questão climática é uma das ciências mais desconhecidas e controversas no meio científico.

É hora de pensar a respeito. Nesse debate, o melhor argumento até agora é o mesmo que vale para tudo na vida: na dúvida, pare, veja o que está acontecendo e então se mova.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Seja burro!

Termômetro


A temperatura das discussões entre ambientalistas e ruralistas sobre as mudanças na legislação ambiental, em tramitação no Congresso, está subindo.

Bastante.

Parcerias ampliam ações educacionais

"Investir em projetos educacionais de excelência, mas isolados, ou ampliar a escala e tentar fazer a diferença em indicadores regionais e nacionais? Para um grupo crescente de grandes empresas, a segunda opção tem ganhado espaço e, no lugar da filantropia, cresce a cultura do investimento social com retorno avaliado."

Confira a íntegra da coluna publicada na Folha de S. Paulo nessa quarta-feira, 27, em: .

http://www.todospelaeducacao.org.br/Comunicacao.aspx?action=5&mID=3548

http://www.todospelaeducacao.org.br/Comunicacao.aspx?action=5&mID=3547

sábado, 23 de maio de 2009

Salve, Obama!

Daqui alguns anos, o dia 19 de maio de 2009 será lembrado como um marco histórico no combate ao aquecimento global. Foi nessa data que o presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou os primeiros limites para emissões de gases poluentes nos Estados Unidos.

Trata-se do primeiro estabelecimento oficial, em nível federal, de um teto para as emissões naquele país. Ainda que restrito ao setor de veículos, é um passo importantissímo para a fixação de metas de emissão globais nos EUA que, segundo o próprio Obama, virão em breve.

Essa guinada na posição do governo norte-americano sobre o assunto terá reflexos monumentais. Como me explicou ontem o experiente professor Rubens Ricupero, os países emergentes que resistem em fixar suas próprias metas de emissão, como China e Brasil, sempre justificaram essa recusa com base na posição norte-americano de não adotar suas próprias metas.

Uma mudança e tanto.

É realmente uma pena que o Brasil venha caminhando na contramão dessa tendência mundial.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Uma nova geração vem aí...

Outro vídeo sensacional!


Empresas não priorizam redução de poluição

Coluna publicada na última terça-feira, dia 28, na Folha de S. Paulo...

"A maior parte das empresas do país ainda não está preparada para lidar com as exigências regulatórias e de mercado que começam a surgir na esteira das preocupações com o aquecimento global, especialmente as ligadas às emissões dos GEE (Gases do Efeito Estufa), como o dióxido de carbono (CO2).

As raras pesquisas locais sobre o tema reforçam essa percepção. Uma delas, produzida pela PricewaterhouseCoopers, em parceria com o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio), mostrou que somente 17% das empresas brasileiras de grande porte têm inventário de emissões de GEE, apesar de a maioria (96%) considerar os impactos das mudanças climáticas relevantes para seu negócio. Outra pesquisa, da Gartner, apontou que apenas 18% dos empresários locais consideram a questão das emissões em suas decisões estratégicas para os próximos dois anos.

"Espero não estar cometendo uma injustiça, mas posso afirmar que o número de empresas brasileiras que conhecem a realidade de suas emissões, que tenham inventários consistentes, não passa hoje de uma centena", estima Rachel Biderman, coordenadora-adjunta do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-SP. (...)"

Veja a íntegra em: http://www.ces.fgvsp.br/index.cfm?fuseaction=noticia&IDnoticia=150081&IDidioma=1

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Um vídeo que vale por mil palavras

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Ponto a Ponto

Vem aí um novo Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU sobre o Brasil.

Esse, no entanto, terá várias novidades. A principal delas: a escolha dos temas, ao contrário de todos os relatórios semelhantes feitos até agora, no Brasil e no exterior, será feita pela própria população.

Participem! E incentivem! (é prático e rápido)

www.brasilpontoaponto.org.br

Microcrédito avança, mas não atrai bancos

"A crise financeira global tem encontrado pouca repercussão no segmento de microcrédito, caracterizado pelos empréstimos de baixo valor para empreendedores informais e microempresas sem acesso aos canais tradicionais do crédito bancário. Enquanto nos bancos a crise se reflete em aumento generalizado da inadimplência e aperto das concessões, no microcrédito a palavra de ordem continua sendo expansão acelerada.

Em 2008, segundo dados do PNMPO (Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado), do Ministério do Trabalho, o segmento desembolsou R$ 1,8 bilhão para os microempreendedores, aumento de 64% em relação ao volume financeiro de 2007, mesmo com o agravamento da crise a partir de setembro. No período de 2005 a 2008, enquanto o volume de crédito total no país duplicou de tamanho, o do microcrédito triplicou. "

Confira a íntegra da coluna publicada na Folha em 31 de março em:

http://ces.fgvsp.br/index.cfm?fuseaction=noticia&IDnoticia=147663&IDidioma=1

segunda-feira, 30 de março de 2009

Coisas do Brasil

Vejam só que interessante o programa "Madeira Legal": com o apoio das indústrias e do WWF de São Paulo, o programa tem o objetivo de obrigar todo mundo que compra madeira no estado a exigir um certificado de origem do produto.

O objetivo: evitar a destruição causada pelas madereiras na Amazônia, uma vez que a maior parte da madeira ilegal da região é consumida em São Paulo.

Muito bom, muito bacana, não fosse um detalhe: essa já é uma obrigação determinada por lei.

Ou seja, um programa que, além do oba-oba midiático, nada mais faz do que incentivar o mero cumprimento da lei!

Realmente....

segunda-feira, 9 de março de 2009

10 mitos sobre a sustentabilidade


Talvez por seus poucos anos de vida, talvez pela amplitude dos assuntos relacionados, o tema da sustentabilidade está sempre envolto em uma verdadeira e confusa salada de conceitos e definições.


Em artigo escrito na Scientific American , Michael Lemonick destaca os 10 principais mitos sobre a sustentabilidade.


Um texto imperdível, que você pode conferir (em inglês) no link:


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Demissão se torna dilema para empresa "responsável"

(coluna publicada na Folha de S. Paulo no dia 24 de fevereiro)

"O atual estágio da crise financeira global, caracterizado pelos efeitos sobre o lado real da economia, vem gerando um novo dilema para as empresas que se denominam socialmente responsáveis: lidar com as demissões coletivas.

O tema é controverso. É socialmente responsável, por exemplo, a empresa que demite seus funcionários apenas para alcançar determinada meta de crescimento nos lucros? E aquela que demite para poder continuar sobrevivendo, garantindo dessa forma emprego e renda dos trabalhadores que ficam?

De um lado, centrais sindicais -e setores do governo no Brasil e no exterior- alegam que, após tantos anos de resultados positivos e crescentes nas empresas, não parece justo que os empregados paguem a conta da crise.

Os empresários, por sua vez, argumentam que demitir é custoso sob todos os aspectos, mas que, em alguns casos, é impossível fazer os ajustes necessários sem esse tipo de medida.

Como pano de fundo, um cenário sombrio para o emprego no mundo. Na previsão mais pessimista, fala-se de até 50 milhões de novos desempregados no planeta até o fim deste ano, desde o agravamento da crise, em setembro passado. No Brasil, demissões coletivas em grandes empresas são cada vez com mais frequentes.

Some-se a isso a importância crescente do tema da responsabilidade social no mundo corporativo e o quanto isso foi alardeado ao público nos últimos anos, via marketing e propaganda. Entre os principais conceitos da responsabilidade social empresarial, está justamente o modo como uma empresa se relaciona com os seus diferentes públicos, entre os quais os seus próprios funcionários. (...) "

Leia a íntegra em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u508657.shtml

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Indicadores de bem-estar ganham força

"O PIB (Produto Interno Bruto) está em xeque. O aumento das preocupações climáticas, a onda da sustentabilidade e, mais recentemente, a crise financeira e seus impactos na economia real, estão dando um fôlego inédito ao questionamento sobre a utilização dos indicadores de crescimento econômico (dos quais o PIB é o principal) como ferramenta para se medir o progresso de uma sociedade -e, conseqüentemente, como norte para as políticas de governos e para as estratégias empresariais.

O ano de 2008 foi um terreno fértil para o avanço de estudos e pesquisas relacionados a indicadores alternativos, sobretudo os ligados ao conceito de desenvolvimento humano, que englobam, além da dimensão econômica, as características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade de vida de uma população.

Entre esses indicadores, vem merecendo especial atenção um índice que surgiu de um trocadilho com o PIB: o FIB (Felicidade Interna Bruta), criado em 1972 pelo governo do Butão, país localizado entre a China e a Índia e conhecido por ser o mais isolado do mundo."

Confira a íntegra da coluna publicada em 30/11/2008 na Folha de S. Paulo no link:
http://www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=521845