terça-feira, 30 de junho de 2009

Cresce rigor para sustentabilidade na Bolsa

As empresas que participam do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da BM&FBovespa terão de responder, a partir deste ano, a questões específicas sobre sua política de gestão de riscos financeiros e sobre os mecanismos de remuneração de seus principais executivos, como o pagamento de bônus com ações. Essas são as principais mudanças propostas para a revisão anual do ISE, cuja etapa de consulta pública terminou na sexta-feira.

As mudanças guardam relação direta com a crise financeira global. No Brasil, diversas empresas registraram perdas significativas ao apostar na tendência de enfraquecimento do dólar diante do real no mercado de derivativos. Entre os casos mais célebres, estão os da Sadia, da Aracruz Celulose e do Grupo Votorantim, que amargaram perdas bilionárias quando o dólar, na esteira da crise, inverteu o sinal e passou a se valorizar diante do real.

A remuneração de bônus milionários a executivos de empresas que praticamente faliram em razão da crise, como a seguradora AIG, nos Estados Unidos, também foi alvo de intenso debate aqui e no exterior.

"Com os desdobramentos da crise, as questões relacionadas à política de riscos na área financeira e às regras de remuneração dos executivos assumiram maior relevância na análise sobre quão sustentáveis são as empresas", disse à Folha a coordenadora dos trabalhos de revisão do ISE, Roberta Simonetti, do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-SP.

(Confira a íntegra da coluna publicada hoje na Folha em: http://www.felsberg.com.br/info_clipping_conteudo.asp?i=38945&desc=if)

GRI: Empresas ainda não incorporam sustentabilidade

Os relatórios de sustentabilidade são um meio de informação cada vez mais demandado pela sociedade para conhecer a realidade das empresas, inclusive no que diz respeito aos seus problemas. E, assim como em outros países, muitas empresas brasileiras que publicam balanços ainda não incorporam as práticas relatadas às suas estratégias de negócios.

A opinião é do holandês Ernst Ligteringen, presidente mundial da Global Report Initiative (GRI), organização responsável pela elaboração das normas e diretrizes mais utilizadas no mundo para a publicação dos balanços sociais e relatórios de sustentabilidade das empresas. De passagem pelo Brasil, o executivo concedeu na semana passada a seguinte entrevista:

As empresas brasileiras estão divulgando corretamente suas ações de sustentabilidade?

Ernst Ligteringen - Na América Latina, o Brasil é o líder em publicações, com mais de 60 relatórios anuais. Em termos de qualidade, no entanto, o País ainda reflete o que vemos em outras partes do mundo: uma grande disparidade. Há empresas lideres, que estão integrando seu gerenciamento de sustentabilidade a prática dos negócios e se distinguindo estrategicamente por isso. Há um grande número de empresas que estão progredindo gradualmente, que estão no caminho de descobrir como utilizar seus relatórios de uma maneira mais estratégica. E há também aquelas empresas que fazem o relatório somente porque acham que será bom para sua reputação.

Como diferenciar esses grupos?

Ligteringen - Temos de olhar para as práticas de negócios, saber se o relatório está verdadeiramente integrado à estratégia da empresa. Pode se perceber, por exemplo em um banco, se eles apenas montaram uma equipe para fazer um relatório ou se realmente identificam a quem estão dando crédito, sob que condições, se eles realmente coletam dados sobre o impacto de sua política de empréstimos, etc. Um banco que age assim é muito diferente de um banco que não tem qualquer política e simplesmente junta palavras para publicar um relatório de sustentabilidade.

Em alguns países já é obrigatório publicar relatórios de sustentabilidade. Isso é importante ou o desenvolvimento deve ser espontâneo?

Ligteringen - Até agora o crescimento têm ocorrido majoritariamente numa base voluntária. A KPMG identificou que, em 22 países, aproximadamente três mil empresas relatam suas práticas. Mas existem pelo menos 72 mil multinacionais. Mas se olharmos por volume, das 250 maiores empresas do mundo, aproximadamente 80% produzem relatórios. De qualquer forma, é importante ampliar a base. E o que a lei deveria fazer é determinar um mínimo do que tem de ser relatado pelas empresas. Nossa expectativa é de que as empresas publiquem relatórios, e quem não quiser ou não puder fazê-lo explique o porquê. Isso foi introduzido na Dinamarca recentemente, e até certo ponto, aplicado no Reino Unido.

Como o cidadão tem aceso a toda essa informação?

Ligteringen - A maioria das empresas publicam seus relatórios nos sites. Mas o futuro mesmo são os sistemas de busca na internet, porque a maioria das pessoas não está morrendo de vontade de ler relatórios de sustentabilidade. Elas geralmente têm questões específicas: “eu ouvi dizer que esta empresa está envolvida com trabalho infantil...” ou “como posso saber se os produtores de etanol estão de fato parando de realizar queimadas antes das colheitas de cana?” Pesquisas indicam que há uma expectativa de que qualquer empresa responsável tenha esse tipo de informação disponível. De que esteja acessível quando um investidor, um empregado ou um cidadão tem uma dúvida. Isso dá confiabilidade à empresa, principalmente quando há informações sólidas e balanceadas, quando a empresa é honesta e relata não só os pontos fortes, mas também os aspectos em que precisa melhorar.

Como esse leitor reage ao ler os relatórios?

Ligteringen - Nossas pesquisas indicam que 82% das pessoas formam uma imagem mais positiva da empresa quando encontram esse tipo de informação. Muitas companhias tentam fazer o leitor acreditar que estão criando um tipo de paraíso na Terra, só fazendo o bem. Nenhum leitor acredita nisso. As pessoas hoje têm questões, geralmente estão cientes de quais são os pontos críticos, e buscam uma informação balanceada. É isso o que ajuda a empresa a ganhar a confiança das pessoas.

(André Palhano e Iuri Ribeiro)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Ar

Uma das melhores notícias que vi nesse ano. E parabéns ao Tralli, puta reportagem boa!

http://www.carros-tunados.com/blog/curioso/carro-movido-a-ar

Quem é quem

O Instituto Ethos lançará, a partir de 2011, um conjunto de índices para que a sociedade e o mercado tenham maior conhecimento sobre as práticas de responsabilidade social das empresas.

Os índices, que estão sendo debatidos, serão semelhantes a notas para cada área. Por exemplo: uma empresa X pode ter nota 8 no quesito ambiental. E 4 no quesito de direitos humanos.

"A idéia é criar um mecanismo para referenciar a sociedade sobre o grau de responsabilidade das empresas, permitindo comparações em três camadas: das empresas entre si, das empresas com os benchmarks em cada área e das empresas dentro de seu setor", explicou o presidente do Ethos, Ricardo Young, durante o Ciethos 2009.

Para o bom entendedor...

Frases da secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samira Crespo, durante a Conferência Internacional Ethos (Ciethos).

"No Ministério chamamos o (Carlos) Minc de 'Indiana Minc', tamanha a sua disposição para participar pessoalmente das ações de combate ao desmatamento e crimes ambientais. Ele vai junto mesmo"

"Nós não estamos dormindo no ponto. Fico entristecida com a opinião pública sobre a política ambiental brasileira. Temos muitos avanços que não estão sendo reconhecidos"

(sobre a MP 458) "Brasília não é a capital dos ambientalistas, é a capital dos lobbies que atuam no Congresso. É com esses gigantes que estamos lutando"

"O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que assessora o presidente da República, acabou de produzir um relatório de mais de 250 páginas sobre como sair da crise. A única menção que há no relatório sobre o meio-ambiente fala da bioenergia e do etanol. O presidente ouve a sociedade. E a sociedade também precisa mudar"

"No Brasil todo mundo é a favor do meio ambiente. Até que ele contrarie algum interesse"

O problema é nosso!

O controle do desmatamento na Amazônia tem muito mais a ver com as cadeias de distribuição locais e com o consumidor brasileiro do que com as barreiras impostas por autoridades de países desenvolvidos.

A opinião é do presidente do Conselho de Administração da Sadia-Perdigão, Luiz Antonio Furlan, que participou nesta manhã da Conferência Internacional Ethos (Ciethos), em São Paulo.

Os números apresentados por Furlan reforçam esse argumento: o mercado interno representa 64% do consumo da madeira produzida na Amazônia. Para a carne, principal causa do problema na região, esse número sobe para 95%.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Dia Mundial do Meio Ambiente

Bom, hoje é dia mundial do meio ambiente. Fiquei pensando o que escrever a respeito, talvez algumas dicas de preservação, de consumo responsável... Achei melhor apresentar uma tendência mais macro relacionada ao tema. Uma tendência que, a meu ver, é irreversível. E ela se chama:

"Economia de baixo carbono"

Prepare-se para ouvir cada vez mais esse assunto. Quando as pessoas falam "carbono", "emissão de carbono", etc , querem dizer "gases causadores do efeito estufa". Entre eles, o carbono é hoje o principal. Pois bem, esses gases são a causa do tal aquecimento global. Na atmosfera, o carbono permite que a luz do sol chegue a Terra, mas não deixa que o calor gerado por essa luz saia.

Resultado: mais calor e um efeito semelhante a uma estufa no planeta. Quanto mais carbono os humanos emitem na atmosfera (carros, indústrias, etc), mais calor. E mais riscos de grandes alterações climáticas, atingindo especialmente as faixas litorâneas, onde está concentrado o grosso da população mundial.

O que fazer? O óbvio: reduzir a emissão desse tal de carbono, ou melhor, dos gases do efeito estufa. Hoje há um tímido, mas crescente, movimento de governos e empresas nesse sentido. Afinal, eles olham para o futuro e percebem: - Meus Deus, se a raça humana acabar, não teremos mais eleitores! Nem para quem vender!

Com esse impulso, coisas bacanas vêm acontecendo. A definição de metas de emissão para a indústria automobilística nos Estados Unidos, por exemplo, é histórica. A busca de fontes renováveis de energia (água, celulose, etanol) para substituir fontes fósseis, como petróleo e carvão, que são responsáveis por grande parte das emissões no planeta, é outro.

E quem não tem como reduzir sua própria emissão? Claro que existem casos em que reduzir a emissão significa, por exemplo, cortar a produção, demitir funcionários. Ninguém quer isso. Criou-se então um mecanismo de créditos de carbono, que podem ser adquiridos como forma de compensar as emissões. É simples: alguém planta árvores que capturam o carbono na atmosfera, e pode vender esse "crédito" para que empresas e países cumpram suas metas de emissão ou de redução das emissões.

Quando você vê um selo "carbon free" ou "carbon neutral", isso quer dizer que aquele produto ou evento neutralizou suas emissões de gases com a compra ou com a geração própria de créditos de carbono. Na Europa, esse tipo de selo já é comum na rotulagem de produtos. Por aqui a coisa está começando, com direito a alguns exageros, como desfiles de escola de samba neutros em carbo.

Alguém pode perguntar: mas poxa, se isso (o aquecimento global) está acontecendo e representa risco para nossa sobrevivência como espécie, por que não estamos todos procurando - e cobrando - a redução imediata dessas emissões de gases?

Bom, esse talvez seja o maior obstáculo que temos pela frente: não vemos os efeitos disso no nosso dia a dia. Há quem diga que alguns eventos climáticos já são causados pelo aquecimento global, mas de certo mesmo só sabemos que há uma elevação das temperaturas médias do planeta e que isso vem afetando as calotas nos pólos, os glaciares e alguns pobres ursos polares.

Para piorar, há até quem duvide do aquecimento global causado pela emissão de gases dos seres humanos. E nem é por maldade. A questão climática é uma das ciências mais desconhecidas e controversas no meio científico.

É hora de pensar a respeito. Nesse debate, o melhor argumento até agora é o mesmo que vale para tudo na vida: na dúvida, pare, veja o que está acontecendo e então se mova.