segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Nagoya será uma nova Copenhague?

A 10ª Conferência das Partes da Organização (COP 10) das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, que acontece entre os dias 18 a 29 de outubro em Nagoya, no Japão, pode ter resultados desanimadores para a agenda global da biodiversidade.
“Poderemos ter uma nova Copenhague em Nagoya”, alertou recentemente o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Bráulio Dias, referindo-se à reunião sobre mudanças climáticas realizada em Copenhague no final do ano passado (COP 15), que terminou sem acordo efetivo entre os países.

Segundo o secretário, as reuniões preparatórias para a COP 10 realizadas em Montreal, na semana passada, não conseguiram alcançar consenso sobre o protocolo de Acesso a Recursos Genéticos e Repartição de Benefícios, o termo que regula a distribuição dos benefícios relacionados às descobertas genéticas e a aplicação dos recursos na conservação da biodiversidade.

"As negociações em Montreal não avançaram e o que vemos hoje é o risco de não termos um protocolo fechado em Nagoya", disse Dias, acrescentando que a ausência do protocolo e a não definição dos meios de implementação para interromper a perda da biodiversidade até 2020, segundo proposta dos países europeus, podem impedir os avanços esperados na COP 10.

Um fracasso em Nagoya, segundo representantes da ONU, aumentaria de maneira expressiva o risco de perda da biodiversidade no planeta em ritmo acelerado. E repetiria o fracasso do compromisso assumido em 2002 para conter “de forma significativa” essa perda até 2010, ano mundial da biodiversidade.

“A meta para 2010 não foi alcançada. E a degradação da biodiversidade se acelera no mundo”, decretou em tom pesaroso o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, após participar de reunião sobre as Metas do Milênio realizada em Nova York.

Para o MMA, significaria também um duro golpe no objetivo de assumir papel de liderança nas discussões relacionadas à biodiversidade. Ao contrário das discussões sobre o clima, nas quais credita a maior parte da responsabilidade aos países desenvolvidos, na preservação da biodiversidade o governo brasileiro assume publicamente esse papel.

Tanto que o Brasil já se ofereceu para sediar o novo “IPCC da Biodiversidade”, um painel intergovernamental da ONU específico para a biodiversidade, nos mesmos moldes do IPCC, que trata das questões climáticas e hoje é a principal referência de pesquisa no assunto.

Leia coluna publicada recentemente pela Folha em:

http://www.empresaspeloclima.com.br/index.php?page=Noticia&id=194628