sexta-feira, 28 de maio de 2010

Empresas e ONGs reforçam parcerias na área ambiental

"Na quarta-feira passada, durante congresso anual da Abal (Associação Brasileira do Alumínio), o representante de uma ONG ambientalista que participava de debate sobre mudanças climáticas fez uma provocação ao público.

Disse que, se aquele debate fosse realizado cinco anos antes, dificilmente o representante de uma ONG seria chamado para compor a mesa ao lado de empresários e especialistas do governo. Se o debate ocorresse há dez anos, completou, "certamente não seria chamado".

Mais do que uma brincadeira para desanuviar o clima formal do evento, composto em sua maioria por empresários e fornecedores do setor de alumínio, a provocação do representante da ONG revela uma mudança radical no modo como empresas e organizações se relacionam hoje na área ambiental. No Brasil e no mundo.

A desconfiança mútua e o confronto aberto que sempre marcou a relação entre essas duas esferas vêm gradualmente cedendo lugar a uma nova realidade: a formação de parcerias estratégicas, em causas que vão desde a preservação de bacias hidrográficas até a redução das emissões de carbono.

"Imaginar que faríamos parcerias com empresas para defender causas comuns era algo realmente impossível até bem pouco tempo atrás", diz a diretora de gestão do conhecimento da SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota.

"Hoje, esse diálogo, historicamente marcado pela disputa, passa a ser cada vez mais o da construção conjunta, especialmente no formato de parcerias", diz ela(...)"

Veja a íntegra da coluna publicada em 25/5 na Folha em:http://ces.fgvsp.br/gvces/index.php?page=Noticia&id=182344

Eco-enganação - 2

Mereceu o prêmio de greenwashing da Consumers International.

O pior não é a fala que "muita gente vem tentando fazer sua parte... mas alguns se divertem mais ao fazê-lo" ou a parte que mostra o carro ultrapassando um velho carro movido a "óleo vegetal", mas sim o destaque do "diesel limpo" no final.

Além de incoerente, mostra um desconhecimento absurdo do tema. Transporte público de qualidade e mais bicicletas nas ruas já se mostraram medidas incríveis não só para o problema da mobilidade urbana ou das emissões, mas também para a melhoria do bem estar físico e emocional das pessoas que vivem nas cidades.

*Alguém precisa agitar um prêmio semelhante no Brasil. Se bem feito, sem sensacionalismo e com visão equilibrada, será sensacional.

 

terça-feira, 18 de maio de 2010

Eco-enganação


Que me perdoem certos publicitários, mas até fazer "greenwashing" (comunicar um produto ou serviço com o apelo de "sustentável" ou "ecológico" sem a menor base para isso) tem seus limites.

No caso dessa campanha da Bombril, todos esses limites foram extrapolados.

Paciência: assim como essa peça publicitária vem sendo ridicularizada por quem entende do assunto, num futuro próximo também o será pelo consumidor comum.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Melhor seria...

A briga entre ruralistas e ambientalistas em torno de possíveis alterações no Código Florestal brasileiro promete esquentar. Ao menos essa é a impressão que fica para quem participou hoje de um interessante workshop para jornalistas sobre o assunto, promovido pelas três maiores organizações que trabalham com meio-ambiente no Brasil: SOS Mata Atlântica, WWF e Greenpeace.

Agora essa briga envolve também disputa científica. De um lado, os ruralistas empunham um estudo da Embrapa mostrando que a aplicação prática do Código, no que diz respeito às áreas obrigatórias de Reserva Legal, praticamente inviabilizaria a expansão e a própria sobrevivência da agricultura no País. De outro, diversos estudos mostrando exatamente o contrário: há áreas de sobra para a expansão da produção agrícola, inclusive sem a necessidade de desmatar o que já é permitido por lei.

Hoje o professor Gerd Sparovek, da Esalq-USP, apresentou um estudo que promete pesar a balança em favor do segundo grupo. A partir do possivelmente mais completo levantamento já realizado sobre APPs, Unidades de Conservação/Terras Indígenas e Reservas Legais no Brasil, com os devidos cuidados para se evitar dupla contagem, o estudo mostra que a aplicação do Código Florestal deixa livres mais de 100 milhões de hectares para serem desmatados.

Como o impacto ambiental disso é enorme, o estudo mostra ainda que a simples expansão agrícola sobre áreas extensivas de pastagem liberaria algo como toda a área plantada hoje em território nacional, em torno de 60 milhões de hectares. Ou seja, mais do que dobraria a capacidade de expansão da agricultura. O artigo será publicado brevemente em revista científica renomada.

Nessa discussão apaixonada, que como bem lembrou hoje uma participante do evento está mais para debate futebolístico do que qualquer outra coisa, quanto mais ciência envolvida, maior o nível do debate. E maior o conjunto de ferramentas da sociedade para tomar decisões. Isso vale para os dois lados: ruralistas e ambientalistas.

Resta saber se esse debate científico será levado nas discussões sobre o Código que tomam forma no Congresso. Muitos têm sérias dúvidas quanto a isso.

Como lembrou Paulo Adário, do Greenpeace, melhor seria se os ruralistas enxergassem os ambientalistas como parceiros. Parceiros para o avanço de seu próprio negócio, dado um mundo em que barreiras comerciais relacionadas a métodos de produção e cultivo serão cada vez mais comuns.