quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Passos

As negociações climáticas que se desenrolam ou se enrolam em Copenhague parecem repetir exatamente os mesmos passos das negociações de comércio exterior entre países. As semelhanças entre ambos os processos, guardadas as devidas proporções, chega a impressionar.

A julgar pelo ritmo de avanço na COP-15, ganha força a tese de que será mesmo o mercado a grande mola propulsora para as mudanças relacionadas ao clima nos próximos anos, especialmente no setor corporativo. Assim como no comércio exterior.

Enfraquecida a possibilidade de um grande acordo global, governos passam a centrar esforços em acordos bilterais e regionais, segundo interesses e pressões específicas. Assim como no comércio exterior.

A participação dos governos se dá mais ativamente em diferentes graus e linhas de regulação, criando uma colcha de retalhos jurídica que, geralmente, mais atrapalha do que ajuda. Assim como no comércio exterior.

O sonho de um grande acordo global não morre, mas se afasta dos centros de decisão dos governos e vira assunto para diplomatas. Assim como no comércio exterior.

Ao menos Copenhague é bem mais charmosa do que Doha.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Sofisma

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou hoje uma Sondagem Especial sobre Mudanças Climáticas, mostrando que "mais da metade das empresas industriais brasileiras adotaram, nos últimos dois anos, medidas que contribuíram para o controle das emissões de gases do efeito estufa."


O número me chamou a atenção. E parece pouco condizente com a realidade. Por exemplo: numa conversa recente com o pessoal do Centro de Sustentabilidade da FGV-SP, eles me contaram que o número de empresas brasileiras que hoje conhece suas próprias emissões de gases - ou seja, que tem inventários - não chega a duas centenas. Praticamente todas de grande porte.

Ao conferir a Sondagem, notei o detalhe que pode explicar esse constraste: "A medida mais realizada ou pretendida pelas indústrias é o uso eficiente da energia, assinalada por 75% das empresas."

Bom, usar a energia de maneira eficiente é um ótimo meio para a redução das emissões. Agora, cá entre nós, alguém acredita que tantas empresas fizeram isso pensando pensando nas suas próprias emissões? Para mim, trata-se de um sofisma, uma meia-verdade.


Prova de que é preciso ter muito cuidado com números e pesquisas relacionadas ao tema, que só tendem a crescer. Afinal, como já se disse antes, o papel aceita tudo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Grande Nó

As últimas chuvas em São Paulo mostraram: chegamos ao "Grande Nó".

Alguém se lembra do tempo em que andar com os amigos de carro, simplesmente isso, era um programaço? Ou de quando era possível agendar horários em diferentes lugares da cidade?

Que tal andar um pouco de bike?

Pode ser um trechinho pequeno: da sua casa até a padaria da esquina. Ninguém precisa virar bike runner de uma hora pra outra. Além de saudável, o efeito de mais ciclistas nas ruas, mesmo que em trajetos mínimos, seria formidável!

Dia desses ouvi uma sugestão ótima para a Prefeitura: façam pistas de bike nos canteiros centrais das Av. Paulista, Faria Lima, Brasil, Pacaembú, a exemplo daquele ótimo trechinho da Sumaré. Com respeito aos pedestres, todo mundo ficaria numa boa.

Outra coisa legal: cada vez mais bicicletários na cidade. Notem como isso vem crescendo, inclusive com investimento social do setor privado (essa coisa de bike sempre pega bem).

Andar de bike e viajar com ela no metrô, no fim de semana, também é sensacional! Chegar no centrão, aquele lugar lindo... (tem gente preparando um roteiro para esse público, tomara que fique bom).

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Casas de Açúcar ou Pão Bahia

Será no mínimo interessante, do ponto de vista da sustentabilidade, acompanhar a futura integração entre Pão de Açúcar e Casas Bahia, cuja mega fusão foi anunciada nesta manhã.

O grupo comandado pela família Diniz tem uma política de sustentabilidade sólida, adotada há anos, e em boa medida integrada às estratégias de negócios. Já as Casas Bahia, nesse quesito, ainda engatinham.


É um dilema inevitável em todo grande negócio de fusão ou aquisição, sobretudo quando as empresas possuem culturas de sustentabilidade completamente diferentes.

Um bom exemplo desse desafio, hoje, é o do Grupo Santander Brasil, que corre atrás do tempo para alcançar a credibilidade do Banco Real no quesito sustentabilidade.

Não porque se preocupem com o futuro do planeta, mas por perceberem que se trata de um bem intangível cada vez mais valioso.